23 janeiro 2013

vinte e três

entraste na minha casa
como se não fosse a primeira vez
como se tudo o que vês te fosse já tão familiar
percorreste o corredor
como se já soubesses onde ele vai dar
como se já conhecesses todas as divisões
como se já dominasses todos os cantos
os recantos mais sagrados deste meu lugar

entraste na minha casa
como se fosses dono e senhor
como o superior patrão desta propriedade
sentaste-te na poltrona
confortável e sem vaidade
como se tudo realmente fosse já teu
teu o tapete, tua a janela, teu o sofá
teu o serviço de chá, tua a minha vontade

entraste na minha vida
como se existisses desde o início
sem artifício, sem máscara, nada a esconder
instalaste-te nos meus dias
sem eu sequer me aperceber
e de repente tornaste-te inevitável
imprescindível em tudo o que acontece
e, ao que parece, era mesmo assim que tinha de ser



inspiração: insónia e "Teresinha"

23012013

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