11 março 2013

sessenta e oito

A casa enche-se de sombras. Está escuro, as janelas e as varandas fechadas não deixam ver que já é primavera lá fora. Ao longe há o canto dos pássaros, mas ali dentro só se consegue ouvir o eco dos passos pelas divisões vazias. Cheira a mofo e tudo é frio: o chão de tijoleira, as paredes brancas e de azulejo, o ar que quase não se respira. Ao deixar-se cair pesadamente no sofá eleva-se uma fina nuvem de pó, que se vê graças a um fiozinho de luz que entra por uma fresta nas portadas. Indiferente a essa réstia de luz, fecha os olhos e adormece profundamente. Rompendo o silêncio ouve-se agora a sua leve respiração. Como um fiozinho de luz numa casa feita de sombras.



inspiração: sem inspiração

10032013

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