09 fevereiro 2013

trinta e nove

Há já muito tempo que as fotografias não são resgatadas de uma ausência poeirenta. A memória tenta construir um rosto através de pedaços das expressões inertes e dos sorrisos impressos no brilho desses papéis. Mas os detalhes, os pormenores das feições, dos sinais, das rugas, esses são como o fumo que se dissolve lentamente até desaparecer. A realidade de todos os dias tem ainda uma voz que se ouve ao longe, distante e casual, como se isso fosse alguma vez possível. Em dias raros, a ausência dá lugar a um coração quente e cheio. A realidade desses dias reveste-se de uma luz efémera que por momentos lhe devolve o alento. Mas a realidade dela é estar sozinha.



inspiração: insónia e um texto antigo

08022013

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